top of page

Livro edição  de bolso, raro, em ótimo estado de conservação, autografado.

Ovelhas que voam se perdem no céu - Daniel Pellizzari

R$ 90,00Preço
Somente 1 em estoque
  • INFORMAÇÕES DO PRODUTO

    ISBN:85-901822-2-3

    Livros do Mal / 2002

    Páginas : 83

     

    Sinopse ( Trecho do livro) 

    " (...) Às vezes confundo Rimbaud com Baudelaire, mas não me importo muito porque a maioria das pessoas que conheço nunca ouviu falar de nenhum deles. Estas duas garotas que estão comigo, por exemplo, não devem saber nem onde fica a França. Na Europa, a loira com cara de morena me responde. A morena com cara de índia não se move, finge que dorme na cama desarrumada. Me fala mais da França, eu peço, e ela me vem com torre Eiffel, Guerra dos Cem Anos, Joana D’Arc, Asterix, Revolução Francesa, Danton, Marat e Platini. A vida tem suas surpresas. Ah, e Sartre.

    Sento na cama, as molas fazem barulho assim nhéc-nhéc e eu fico fazendo nhéc-nhéc até que de repente a índia começa a sangrar bem em cima do lençol que até agora não estava muito sujo. Estava tão branco, agora tem uma mancha vermelho escura, estou menstruada, ela diz, tô vendo. Fecho os olhos e sinto meus cabelos esvoaçarem, é bem bom esse ventilador, respiro fundo e o cheiro entre azedo e doce me invade as narinas, chego até a sentir o gosto, sangue sempre tem um quê metálico no fundo. A loira que qualquer um vê que não é fica remexendo em uma grande bolsa de couro, as sobrancelhas dançam fazendo arcos, a boca se espreme em um canto, ela tem uma expressão meio boba mas gosto dela, então surge um sorriso, acho que ela encontrou o que estava procurando.

    Me atira a caixinha de OB, não consigo alcançar, sabe, eu não acredito muito nas leis da Física, pego a caixinha do chão, tamanho médio, eu brinco ihh vai precisar de supergrande e a índia me dá um tapa nas costas, não dói mas ela pede desculpas. Rindo eu peço para colocar o OB nela, a loira falsa tranca os dentes como se estivesse sentindo alguma dor e balança a cabeça, a índia me olha e olha pro sangue e me olha e diz não, você não sabe fazer isso. Sei sim, eu digo, e ela arranca o OB da minha mão e diz vira pra lá. Fico olhando: sempre fui muito curioso.

    — Você é mesmo virgem?

    Claro, ela responde. Ah. Só pra confirmar. (...)"

Livros Relacionados